08/10/2009

Um rio de lágrimas!

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Junte bastante água, jogue uma pitada de sal, um pouco — mas bem pouco mesmo — de muco e gordura.
Acrescente emoção a gosto.
Esses são os ingredientes básicos para quem quer lavar a alma.
Seja na tristeza ou na alegria, por estar irado com alguém ou orgulhoso de outrem, nessas situações e em muitas outras o melhor a fazer é mergulhar o espírito num pranto sincero.
Ir do marejar dos olhos ao transbordar em lágrimas faz com que nos sintamos mais leves.
Algo que a ciência já tem como certo: ao chorarmos, liberamos substâncias químicas que proporcionam a sensação de alívio quase imediato.
O efeito é desencadeado exclusivamente por cutucadas emocionais e não por estímulos físicos, como quando o globo ocular se irrita com aquela cebola cortada.

"As lágrimas provocadas pela emoção removem elementos acumulados nas horas de estresse.
Elas, literalmente, põem tudo para fora", diz o neurocientista Willian Frey, da Universidade de Minnesotta, nos Estados Unidos, autor de um estudo que revela como funciona essa ação calmante.
Fisgado pelos sentimentos, o cérebro fabrica certos neurotransmissores.
Esses compostos passam de um neurônio para outro avisando que as glândulas lacrimais precisam ser contraídas.
O choro começa.

"Quando entornamos a primeira gotícula, entra em cena a leucina-encefalina", ensina Frey. Como o nome entrega, esse mensageiro é produzido pelo encéfalo, a nossa massa cinzenta.
Ele tem a função específica de nos anestesiar se sentimos fortes dores e também nos deixa um tanto entorpecidos, na maior paz.
"A leucinaencefalina age como um ópio natural", descreve a psicóloga Ana Maria Rossi, presidente da extensão brasileira da International Stress Management Associantion — algo como Assossiação Internacional para o Gerenciamento do Estresse, numa tradução livre.
Outra substância que divide as atenções é a prolactina, hormônio produzido na glândula pituitária, no meio do cérebro, quando aumenta a tensão.
Com altas taxas de prolactina no organismo, as emoções ficam à flor da pele.
Aí, chorar funciona como uma válvula de escape que manda o excesso do hormônio embora.

Os tipos de choro

• Chorar de rir pode ser um indício de extrema felicidade ou de descontrole emocional. O rosto se expande e os músculos apertam as glândulas lacrimais.

• A média de duração do choro é de dois minutos. Mas chega a durar 15 o pranto compulsivo, aquele em que a pessoa soluça, emite sons e até sente dificuldade para respirar.

• Quando a tristeza é senhora, o rosto fica contraído e o choro é todo lamurioso. Em momentos de desalento, chorar escoa os sentimentos.

• Cerca de 73% dos homens sentem-se melhor depois de chorar. As mulheres ficam ainda mais satisfeitas, com um percentual de 85%.

• Chorar lágrimas de crocodilo é a expressão popular para designar o pranto falso. É que o réptil lacrimeja para manter os olhos umedecidos — e derrama ainda mais lágrimas quando abocanha a presa, por causa das contrações da mandíbula.

• O medo pode criar no organismo uma tensão à beira do insuportável. E, para aliviá-la, uma possibilidade éderramar lágrimas.

Homem não chora

A afirmação acima é machista e errônea.
Homem chora, sim.
Mas bem menos do que as mulheres.
"Elas caem no choro até quatro vezes mais", calcula Willian Frey.
"Uma das hipóteses da neurociência para a choradeira feminina é de que as mulheres a partir dos 16 anos fabricam 60% mais de prolactina do que eles."
Isso porque o hormônio tem outras atribuições, como preparar as mamas para, um dia, produzir leite. Aliados a essa diferença biológica estão os fatores culturais.
Em muitas sociedades ainda predomina a idéia de que chorar é coisa de menina.

A verdade é que chorar faz bem e, sem exageros, não tem contra-indicação.
Afinal, se os olhos são mesmo a janela da alma, nada melhor do que lhes dar um belo enxágue de vez em quando.

Não se reprima

Conter as lágrimas quando elas pedem para escorrer traz problemas de ordem psicológica.
"Armazenar sentimentos negativos e passar por cima das emoções, deixando-as guardadas, pode gerar um quadro grave de depressão", diz a psicóloga Junia Cicivizzo Ferreira, especialista em psicologia comportamental pela Universidade Federal de São Paulo.
Segundo ela, tudo pode começar com uma simples apatia, uma dificuldade para chorar.
E, aos poucos, as emoções contidas se somatizam em doenças.
"Pressão alta, úlcera e gastrite são comuns nesses casos", alerta Ana Maria Rossi.

Fonte: Revista Boa Forma


Um comentário:

Lista Telefonica disse...

ninguém merece suas lágrimas

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