24/08/2009

Dormindo com os anjos!

english mobile
Há quem não pestaneje em dizer que dormir é sinônimo de perda de tempo.
Trabalho, provas, festas, viagens — motivos (ou desculpas) não faltam para deixar a cama de lado. Mas o corre-corre, culpado pela rejeição ao travesseiro, cobra seu preço.
Mais do que uma ilusão, fugir do sono é desferir um golpe no próprio corpo.
No último congresso mundial de estudiosos desse assunto, o Sleep, realizado recentemente nos Estados Unidos, não restaram dúvidas: além de repor a energia, trata-se de um antídoto contra problemas bem mais graves que as visíveis olheiras.
Mas saiba que o descanso não exige apenas oito horas sob os lençóis.
Ele requer regularidade — sim, o ideal é adotar um horário para despertar e outro para se deitar.
“O sono também não deve ser fragmentado, ou seja, interrompido muitas vezes ao longo da noite”, avisa o neurologista Rubens Reimão.
Esses cuidados são cruciais para que o organismo relaxe e cumpra tarefas exclusivas da madrugada.
“É nesse período que produzimos o hormônio do crescimento, caro à recuperação dos músculos e dos ossos”, diz Reimão.
E ainda fabricamos a melatonina, que zela pelas células e dá corda no relógio biológico.
Bem, não vá bocejar justo agora.
Trate de espantar por alguns minutos a vontade de contar carneirinhos e confira o que a ciência tem comprovado sobre os benefícios de pregar os olhos.

1. O elixir da longa vida
Assim poderia ser definido o sono — e não há exagero nessa afirmação.
Um de seus efeitos protetores foi revelado por um estudo apresentado no Sleep.
O trabalho acompanhou 5 mil americanos durante oito anos.
Os indivíduos que prezaram um bom descanso noturno tornaram- se menos vulneráveis a todo tipo de doença.
As pessoas que dormem menos de seis ou mais de nove horas correm mais risco.
Quando falamos em sono, nem sempre quantidade espelha qualidade.
Ficar tempo demais debaixo das cobertas pode ser o resultado de uma noite conturbada e não reparadora.
“E essa condição aumenta a pressão arterial, favorecendo males cardiovasculares”.

2. Em paz com a balança
A batalha para emagrecer parece invencível?
Então avalie como andam suas noites.
Existem fortes indícios de que ficar em claro financie essa derrota.
“A privação de sono faz cair a produção de leptina, o hormônio da saciedade”.
Quem não apaga como deveria tende a exagerar nas refeições e ainda tem pouca disposição para se exercitar.
O excesso de peso, aliás, costuma ser acompanhado pela apneia, distúrbio marcado por roncos e interrupções na respiração durante a noite.
“Cerca de 50% dos obesos sofrem dessa doença, que contribui para perpetuar os quilos a mais”.

3. Em prol da memória
Todos já devem ter ouvido falar que dormir bem é fundamental para a consolidação das lembranças.
Isso é fato.
Mas uma pesquisa apresentada no Sleep pela Universidade Harvard, também em terra americana, atesta que ela faz toda a diferença na hora de selecionar o que é mais relevante guardar para o futuro.
“À noite o cérebro reprocessa as informações e passa a armazenar a memória”, afirma a neurologista Suzana Schonwald.
“Ele realiza uma espécie de transferência de arquivos”, compara.
Esse serviço permite escolher e fixar as recordações que conservaremos para o resto da vida

4.Poder anticâncer
A calada da noite é um momento ímpar para que as forças de defesa se organizem e estejam aptas a desarticular tumores o mais cedo possível.
Quando estamos aconchegados no travesseiro, nosso corpo libera substâncias que participam direta ou indiretamente dessa missão.
A melatonina, por exemplo, ativa linhas de combate contra os radicais livres que lesam o DNA.
Como ela é fabricada depois que o sol se põe, é vital que não troquemos a noite pelo dia.
“Estudos apontam que trabalhadoras noturnas correm mais risco de desenvolver câncer de mama”, exemplifica Rubens Reimão.
Não bastasse corrigir falhas genéticas que culminam na doença, esse apagão temporário (e benéfico) do organismo retardaria sua evolução.

5.Coração forte
Na verdade, todos os vasos são gratos quando a gente se desliga do plugue à noite.
A retribuição a esse investimento é uma probabilidade bem menor de ser vitimado por infartos e derrames.
“O déficit de sono coloca o corpo em estado de alerta, o que dispara a produção de hormônios ligados ao estresse e eleva a pressão arterial, condições favoráveis à doença cardiovascular”, explica a bioquímica Michelle Miller.
Madrugadas turbulentas resultam numa indesejada descarga de adrenalina na circulação, algo que corrompe a elasticidade das artérias.
Perigo dobrado correm os portadores de apneia do sono.
“Ela já é considerada um fator de risco independente para a hipertensão”, afirma Germana Linhares.
E a pressão nas alturas, como você sabe, é o estopim para ataques cardíacos e cerebrais.
Por falar nisso, a privação de sono é ainda mais devastadora ao coração feminino. Foi o que comprovou a pesquisadora Michelle Miller ao analisar mais de 4 600 ingleses.
“Diferentemente dos homens, as mulheres que dormiam menos de cinco horas por dia apresentavam níveis elevados da proteína C-reativa no sangue”, revela Michelle.
Essa molécula é usada pelos médicos como um marcador do risco cardiovascular porque indica o grau de inflamação no organismo.
“Os processos inflamatórios, estimulados pelo pouco sono, favorecem a formação de placas nas artérias”, justifica Michelle.
Ainda não se sabe por que elas estão mais suscetíveis à ameaça, mas os marmanjos não devem sair por aí contando vantagem.
Boas noites de sono são imprescindíveis a qualquer um que pretenda manter a saúde em forma.

Fonte de referência: Revista Saúde

Nenhum comentário:

^